Livro: Capoeira Afinada

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Bárbara Kristensen e Gian C. R. Santos (CM Latino) nos oferecem uma pesquisa aprofundada para compreender as diferentes formas de afinar a "bateria" de Capoeira.

O livro "Capoeira Afinada" busca compreender a afinação musical da capoeira através da história, ouvindo os berimbaus, os cantos, os mestres e mestras, compreendendo as diferentes formações de baterias. Em cada um dos seus três capítulos são trabalhados diferentes aspectos. No primeiro, foram feitas análises das afinações usadas em algumas das gravações dos antigos mestres (Mestre Cabecinha, Mestre Juvenal, Mestre Bimba, Mestre Traíra, Mestre Camafeu de Oxóssi, Mestre Waldemar, Mestre Pastinha, Mestre Caiçara, Mestre Gato), buscando compreender a relação entre os berimbaus e entre berimbaus e cantos dos mestres.
No segundo capítulo, os autores recolheram depoimentos de 14 mestres e mestras da atualidade, reconhecidos pela musicalidade, para saber como organizam suas baterias, como afinam seus berimbaus, a importância desse processo e o que mais quisessem relatar a respeito da sua música. São eles e elas: Mestre Acordeon (EUA), Mestre Brasília (SP), Mestre Cabello (BA), Mestre Careca (SC), Mestra Elma (SC), Mestre Esquilo (MG), Mestre Gato Góes (BA), Mestre Pelé da Bomba (BA), Mestre Pop (SC), Mestre Negoativo (MG), Mestre Nenel (BA), Mestre Nô (BA), Mestre Toni Vargas (RJ) e Mestra Tisza (BA). No último capítulo, o livro traz sugestões práticas para que os capoeiristas possam atingir diferentes afinações dos berimbaus (a partir dos registros dos mestres e mestras), além de outras sugestões de musicalidade, como afinação do canto, entre outras. Para facilitar, essas sugestões são mostradas e explicadas, também, em 11 vídeo-aulas cujos links podem ser acessados através de QRCodes dispostos no livro.

Páginas: 181
Formato: A5 (14 x 21cm)
Preto e branco

A semente deste livro foi plantada em novembro de 2019, quando participamos do “Alumiô”, evento organizado pelo Mestre Negoativo no Centro Cultural Lamparina, em Belo Horizonte. Ali, conhecemos Fábio Lima, Leão Pequeno, do Rio de Janeiro, que, além de capoeirista, é músico e produtor. Em nossa conversa, falamos a respeito da musicalidade da capoeira e lhe contamos o que desenvolvemos aqui na nossa casa – o Espaço Cultural Ecos de Santo Amaro, que fica em Navegantes, Santa Catarina–, um trabalho voltado às (re)descobertas e práticas musicais dessa arte. Leão gostou do que ouviu e nos fez uma pergunta que jamais nos havíamos feito: “Por que vocês não escrevem um livro sobre o que estão fazendo?”.
Após muito refletir, decidimos que a ideia era boa e passamos a pensar em como este livro poderia estar estruturado. Neste processo, foi inevitável recordar que inúmeras foram as críticas que recebemos de alguns capoeiristas que nos disseram que, ao nos preocuparmos com a afinação, estávamos inventando algo que não existia ou não deveria existir na capoeira. Essas críticas, que sempre respeitamos, mas tentamos rebater, não faziam sentido para nós porque quase tudo o que buscamos fazer nas aulas, nas rodas e na nossa vivência com a musicalidade da capoeira veio de conversas e da observação das atitudes de vários mestres e mestras que cruzaram nosso caminho. Decidimos, então, que uma das partes do livro deveria explicar estratégias que vínhamos usando para desenvolver a nossa musicalidade, que acabou ficando no último capítulo. Nele, mostramos como conseguir lidar com a afinação dos instrumentos, da voz, do coro, além de mostrar como, às vezes, usamos outros instrumentos para incrementar a musicalidade nas nossas práticas (e mostraremos que isso já acontecia na capoeira há bastante tempo). Para facilitar essa compreensão, há onze vídeos que explicam um pouco melhor como isso funciona na prática.
Também achamos importante aprofundar um estudo ainda tímido que estávamos fazendo, analisando antigas gravações, buscando, justamente, desvendar musicalmente o que esses mestres faziam, também para mostrar que a preocupação que temos com a afinação não é algo novo, ao contrário, é algo que desde os registros mais antigos estava presente. A partir daí, o que era um estudo tímido passou a ser nosso foco para que o livro pudesse contar também com essas informações e compôs o primeiro capítulo do livro. Nele, fazemos uma análise de quinze cantigas de nove antigos mestres (começando com o registro das gravações de Lorenzo Dow Turner de 1940), buscando entender como foi feita a afinação dos berimbaus e das vozes e de que forma essas notas “combinam” entre si musicalmente.
Quase ao mesmo tempo, também percebemos que, inicialmente, quando nos aprofundamos na musicalidade da capoeira, não fizemos isso tendo como base os mestres que já nos deixaram, mas, principalmente, os mestres e mestras que ainda estão entre nós, com quem aprendemos a cada encontro ou em cada oportunidade que tivemos de vê-los e ouvi-los. Por isso, decidimos que também precisávamos registrar que mestres e mestras contemporâneos, também tinham uma preocupação com a musicalidade e, para isso, conversamos com elas e eles a fim de confirmar se o que observávamos era mesmo real e como se dava esse processo com cada uma dessas pessoas, o que fazemos no segundo capítulo. Nele, trazemos os depoimentos de quatorze mestres e mestras com quem construímos algum tipo de relacionamento e cuja musicalidade nos serviu sempre de inspiração e aprendizado, buscando, principalmente, salvaguardar esse conhecimento.
Finalmente tínhamos a estrutura do livro pronta: um capítulo em que analisaríamos as antigas gravações, um capítulo em que exporíamos como alguns mestres e mestras (especialmente aqueles com quem tínhamos uma relação de alguma maneira mais próxima) vivenciam a musicalidade, buscando, também, salvaguardar o conhecimento desses que são referências para nós e, por último, um capítulo em que faríamos um registro do que estamos fazendo. E é justamente assim que este livro se apresenta.
Queremos reforçar, no entanto, que que não estamos teorizando a musicalidade da capoeira, mas tentando entender, traduzir e transcrever o que aqueles que vieram antes de nós fizeram, justamente a fim de mostrar que não é necessário nenhum tipo de conhecimento formal para preocupar-se com a afinação, haja vista que esses mestres e mestras já o faziam e fazem, com excelência, essência e ancestralidade.

Gian Latino é Contramestre de capoeira e Mestre da cultura popular da cidade de Navegantes. É um dos coordenadores do Espaço Cultural Ecos de Santo Amaro e um dos organizadores da tradicional roda de capoeira da Igreja Matriz de Itajaí, que existe e resiste desde 1990. Latino é um jogador de capoeira. Ministra oficinas sobre musicalidade e atua em diversas apresentações culturais em Santa Catarina e no Brasil. Já participou de eventos internacionais e foi músico de rua em Dublin, na Irlanda. Cantador e compositor, várias de suas cantigas são tocadas em diversas rodas de capoeira. Para Latino, entre o entendimento e a execução do jogo, do canto, da história e de tudo o que engloba a capoeira estão, acima de tudo, a harmonia e o tempo.

Bárbara é educadora, especialista em Metodologia do Ensino da Música, capoeirista, cantadora, compositora, arranjadora e musicista. Faz parte do coletivo musical Mulher Arte e do Bando Chico Estrada e já foi artista de rua em Dublin, na Irlanda, durante sua vivência nesse país. Apaixonada pelas culturas populares, participa ativamente de apresentações, festivais e estudos voltados à música e às suas diversas manifestações. Essencialmente, ela acredita que o conhecimento é direito de todos e transformador, por isso se dedica à educação e, entre outras, leciona oficinas sobre musicalidade na capoeira. É uma das coordenadoras do Espaço Cultural Ecos de Santo Amaro, espaço-casa onde deixa germinar os brotos da sua arte, ainda em descoberta.

BOOK-CAPAFINAD
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